Monday, June 19, 2006

Para Lelo em paralelo

E pronto,
O ponto
e a recta
(Que recta!)
(Que ponto!)
Tiveram encontro
Num plano,
Planando em paralelo
Nunca se cruzam!

Para Lelo
o ponto está perto
O dia é recto
A recta está plana
O plano está perto
O perto é um ponto
E pronto!
Nunca se cruzam!

Thursday, June 15, 2006

Como a última rosa morre...

Como a última rosa morre…
E a última gota de sangue desfalece sobre a palidez,
Eu observei atentamente as ondas
Apagarem o teu nome marcado nas areias do tempo,
Enquanto o sol desenhava figuras no seio das rochas...
Deveria ter abandonado aquele local quando tive oportunidade,
Pois quanto mais contemplava,
Mais pensava na profundidade dos sentimentos em que me envolvia.
Como não pude ver?
Como fui tão cega e agora que vejo, me fere o olhar?
Pela força do vento, declaro-me culpada à minha sentença,
Aprisionada no meu coração em chama, onde a sanidade é um privilégio, e não um direito
Como a última rosa morre…

Beijo no Asfalto

O velho carvalho permanecia agora imóvel, de uma tonalidade escura, penosa, sem vida, e seus ramos beijavam piedosamente o asfalto, que, embora não fosse detentor da culpa, tinha inundado tudo aquilo que fora outrora um verde prado. Talvez não fosse um beijo, talvez fosse um suspiro, um lamento, uma canção melancólica. Era como se a antiga árvore fosse um réu sentado num banco de um tribunal e, apesar de não ter cometido nenhum crime, estivesse aprisionado a uma longa sentença, ausente de qualquer advogado de defesa, ou talvez ele fosse meramente uma parte tão pequena da população que transparecia conínua e inexoravelmente a invisibilidade. Do outro lado estava Ele, sentado com a perna cruzada, completamente seguro de que o seu dedo de controlo e a sua mão de tecnologia e progresso eram o suficiente para vencer esta audiência. Estava acompanhado de uma vastidão de gente, filósofos, sábios, homens letrados (letrados coisíssima nenhuma..ou alguma..na mente deles)… Lá fora, no exterior, as máquinas continuavam a varrer a verdura que predominava a região. Sim, toda aquela planície verde ia-se perdendo num tapete cinzento que ostentava um padrão listado branco quase que eterno, e cujo campo óptico por mais apurado que fosse não conseguia ultrapassar.Não era um beijo doce, era antes triste e amargurado. Era o espelho do triunfo d’Ele na audiência. Ele, e todos os Eles daquele mundo, estavam ocupados com o que chamam “trazer aos vindouros novos reecursos para proporcionar vidas cómodas e de certa forma, fútei.”. Os homens esqueceram-se de procurar aquilo que teem de melhor. A resposta a uma pergunta que não precisa ser referida é esta: “sim, prque já a tinham!”… todo o ser humano despreza aquilo que a tem… quanto mais sonha em possuir, mais facilmente o destrói quando o captura.. O que adianta o Universo ser infinito se estamos presos por uma corrente? O homem destroi o mundo, quando na sua mente perscruta mudança…mas mudar..mudar mudar..…torna as coisas inconstantes, e é o que já existe que exala o sabor nossa essência.Se fosse juíz na terra, decerto nao conseguiria quebrar esta corrente..este bloco sólido que existe na mente dos homens.. Ao expurgar o manto verde da terra e camuflá-lo de futuro, o homem destrói também o seu futuro e também a natureza entra num ciclo de decadeêcia que num rodopio constante afecta o homem. E é assim que o verde escreve as palavras no cinzento..tão simples como o beijo eterno de um ramo de um carvalho no asfalto...

O desabrochar da rosa
















Sala vazia de paredes brancas
Ecos de silêncio longo e eterno…
Perturbações ameaçam quebrar
O ar sereno de tanta quietude.
A sombra não consegue trajar as mesmas cores,
Aumentava a um ritmo leve e suave;
O seu vulto inundava a par e passo
A tonalidade alva das paredes,
Que se envolviam calmamente na bruma,
como o os raios do Sol se escondem nos recantos da penumbra.
Embora estivesse aprisionada,
A figura debatia-se e esperneava e,
Por fim, conseguiu desabrochar.
As suas leves vestes encarnadas
Inundaram o panorama neutro
Tal gritos como lâminas cortantes
Naquele pequeno reino de vida
Onde nascia uma cor, uma chama
E, embora prevalecesse um clima
De tranquilo silêncio eterno, era
Como que uma palavra solta o aroma
Que ela delicadamente exalava.
Tal sinestesia de sensações
Despertou a sala do longo sono,
Deleite de um olhar apaixonado,
Face embevecida de alguém que sonha.
A sombra tentava imitar o rosto.
Mas apenas a forma sombra se igualava.
Assim, continuava a ser apenas
Um mero esboço nas paredes brancas,
Não se sentindo o seu doce perfume…

A sombra...

Sala vazia de paredes brancas
Ecos de silêncio longo e eterno
Perturbações que ameaçam quebrar
O ar sereno de tanta quietude.
A sombra não consegue trajar as mesmas cores,
Aumentava a um ritmo leve e suave;
O seu vulto inundava a par e passo
A tonalidade alva das paredes,
Que se envolviam calmamente na bruma,
como o os raios do Sol se escondem nos recantos da penumbra.
Embora estivesse aprisionada,
Afigura debatia-se e esperneava e,
Por fim, conseguiu desabrochar.
As suas leves vestes encarnadas
Inundaram o panorama neutro
Tal gritos como lâminas cortantes
Naquele pequeno reino de vida
Onde nascia uma cor, uma chama
E, embora prevalecesse um clima
De tranquilo silêncio eterno, era
Como que uma palavra solta o aroma
Que ela delicadamente exalava.
Tal sinestesia de sensações
Despertou a sala do longo sono,
Deleite de um olhar apaixonado,
Face embevecida de alguém que sonha.
A sombra tentava imitar o rosto.
Mas apenas a sombra se igualava.
Assim, continuava a ser apenas
Um mero esboço nas paredes brancas,
Não se sentindo o seu doce perfume.
Era inútil continuar a existir
Ninguém dava pela sua presença,
Ou consideravam-na uma miragem,
Ignorando-a, não intencionando
Serem dignos da fervente loucura.
Se esse rascunho desaparecesse,
Também a flor desapareceria,
Pois seria incapaz de existir sem a sua projecção.
Por isso, podemos, por vezes,
Pensar que somos insignificantes,
Mas só nós podemos
Escrever páginas na nossa vida.
A vida não teria nexo sem a nossa existência,
Sempre que alguém se sente inferiorizado
Em relação a outra pessoa,
Tem que ter consciência que,
Apesar de estar projectada e não exibir pétalas definidas,
Também desempenha um papel importante no teatro da vida
De facto, não seria possível enfrentar a ribalta
E atingir a meta da felicidade estando sozinhos.
Para contracenarmos no palco a nossa parte,
Não basta um público ou audiência,
Mas sim outros actores que interajam no nosso plano,
Pois dentro de nós existe sempre um pouco dos outros,
Talvez porque seja o que manda a lei da vida,
Ou talvez porque guardamos recordações de outras pessoas
No nosso velho álbum de fotografias,
Que se encontra dentro da gaveta do nosso pensamento.
A sombra limita-se a seguir as pegadas,
As coordenadas do outro elemento, mas, mesmo assim, ´
Só ela transmite o significado da vida
Em função da simplicidade e valor,
Pois embora a rosa indique algum norte específico,
Ao sermos a sombra podemos escolher talvez um sul e,
Consequentemente, sermos senhores da nossa vontade.
O vulto representa aquilo que as coisas são,
E não uma mera distorção da realidade.
Apesar das suas texturas e rubros brilhos,
A aparência surge diante dos nossos olhos
Como uma máscara de ilusão que não nos deixa observar
O que se encontra envolto nessa capa de mistério.
Só na sombra podemos trilhar o nosso caminho
E desvendar os enigmas ocultos,
Essas pétalas superficiais vermelhas que nos ofuscam o olhar
E não podemos ser espectadores passivos
Temos que enfrentar o invólucro exterior,
Ao ponto de não nos deixarmos influenciar por ele,
Receando acreditar em palavras fáceis
Que não traduzam o verdadeiro enunciado da vida
Com todas as letras, vírgulas e pontos
A essência da vida reside na sombra que,
Aos olhos penetrantes e vastos de um ser atento,
Nos permite comandar o destino.
A rosa não se move, apesar de
Parecer deslizar no plano no
Preciso momento em que desabrocha
Numa miragem se apresenta imóvel,
Consoante o sol da sua vontade
Razão de ser, de existir, e de viver...

Sunday, June 11, 2006

Gritos Vermelhos II

O coração sente, os lábios escrevem
Palavras doces, suavemente molhadas,
Conceitos envolventes, gritos vermelhos.

Danças privadas, desejos tecem
Étimos ardentes, cerejas rosadas
Suspiros quentes, gritos vermelhos.

Lábios, olhos, alma, obra de arte
Pintura que as cores não expressam
Escultura perfeita, gritos vermelhos.

Soltam-se os beijos, anseiam tocar-te
Sinfonia silenciosa que os olhares trocam,
Canções à chuva, gritos vermelhos.

Sunday, June 04, 2006

Versos da Noite ( Noite em V)

Valquírias vibrando nas varandas
Em vénias, valsas e vaudevilles,
Com velodíneos vestidos verde-água
Como vultos de voluptuosidade,
Ao som de uma voz e de um violino,
Vislumbre versicolor e vocálico,
Verso invulgar de um vilancete ou volta,
Céu de verdejância e vitalidade.

Nada vascoleja a vagueza vítrea
Nem voa um vacilante vendaval
(Centro de vórtices e vícios vãos).
Apenas vive a vozeirada vaga
Das virgens envoltas em tal vileza,
Veredicto de vodka e vadiagem,
Vivência de vanguarda veraneia,
Jazendo na varanda invulneráveis.

Cerram as venezianas e partem,
Viagens por veigas e verdes vales.
Vagueiam com destino ao vespertino
Na véspera da vaga madrugada.
Arrastam consigo a virtuosidade
De carácter versátil, variável,
Mas de uma real veracidade,
Vulcão onde fervilham as vontades.

Velejam agora no véu da noite,
Vazio de veneno e de viganças,
Vocalistas dos astros e do sonho.
Entoam vagidos frios de inverno,
Voam em alturas vertiginosas,
Vergando-se em reverencia à alva lua
Ventre de vida que as mantém despertas.

Friday, June 02, 2006

Gritos de Sinonímia

Sonhos estagnados em ondas que vêm e vão,
Prazeres que oscilam esquecidos, e não
Desejos subtis gravados nas páginas de seda
Orladas de vagas trémulas de uma ideia leda,
Azul esbatido em suaves tons, luminosidade invernal
Manto de misticismo envolto numa frescura tão sempre matinal.
Oh! Harmonia sentenciosa de ambição expectante
Serenidade calma de uma quietude constante
Ignara do fulgor acelerado da face enrubescida
Que só por ser assim especial, emana vida...
Deleite de um olhar lavado em tez embevecida
De uma criança que, ao suspirar, carece de vida.

Canção melancólica sonhada em páginas dançantes
Silêncio desenhado por olhares fugazes que rodopiam estonteantes,
De tal forma acetinado por uma macieza feroz,
Como a criança adormecida que ostenta um sorriso atroz.
Não derivada da vontade, mas sim vidrada num sonho vão
(Triste desenho esse, de cor frágil que a induz em perturbação.)
Estabilidade e plenitude de um modesto olhar vítreo
Pétalas de desejo que outrora transpareceram equilíbrio
Não permanente agora, e jamais fonte de realidade,
A loucura certa e sabida dos lábios que ainda escrevem sinceridade,
Ou palavras, digo, incertas que a tua respiração calma
Abraçam enquanto fixo desfocada no escuro a tua alma;
E um esboço de um sorriso pálido do rosto rasgado
Surge em mim como um sol de alvorada num inverno delicado!~
Outrora fruto de uma psicose relativa
E agora, numa breve miragem, carece de vida...
São pensamentos escassos que, sem querer, florescem vida…
Ondas que vêm e vão e que carecem de vida…
Ventos que vêm e vão e florescem vida....
Assim, em sinónimos, bebo o silencio das tuas palavras que florescem vida...
Meros gritos (essência perdida) que ondulam as chamas que emanam vida…

Sempre Azul

Tela amarela inundada por vultos em gradação luminosa,
Paredes extensas orladas de um manto azul, escuro, profundo
Ostentam focos de luz penetrante, oceanário estrelado
E murmúrios inconstantes, mas sempre azuis.

(Erguem-se os panos, de súbito o auge entra em cena)

Experiência sonora hedonística e sensível,
Semicolcheias azuis, mares de esperança
Concêntricos ensaios, sentença harmoniosa de melodia
Expectante de triunfo final, mas sempre azul.

A sala emudece, contemplam os olhos apenas os tons
Graves, agudos, allegros e andantes, melancólicos ou ledos,
Vibram as cordas, soam as trompas belicosas,
Cantam em coro as emoções vivazes, mas sempre azuis.

Baque surdo que um homem de negro comanda
Sintonia perfeita de ondas sonoras
Voz subtil que surge sólida, mas triste,
Marca ritmo e presença, compasso e sinfonia, mas sempre azul.

Mão de controlo, voz de domínio, cordas de posse,
Teatro auditivo, sobressalto rumorejante,
Ondas que estendem os braços com suavidade sobre tudo;
Esticam-se lentamente e nunca em silêncio, mas sempre azuis.

De que cor é a saudade?

















Um toque, suave e macio,
Um sussurro, cheio de desejo,
Um suspiro doce…

Nenhuma palavra proferida…
Nenhuma promessa para ser mantida….
Nenhuma mentira contada hoje…
Nenhum olhar para trás…
Nenhum arrependimento…

Partes hoje para longe..Por vezes, quando uma pessoa parte,
é como se o mundo desabasse
A saudade é uma cor,
Percorre o meu ser como um rio de seda,
e contudo, não é vermelha…
Ela escorre na minha alma,
como um lento, lento oceano
e preenche-me com água,
apesar de me sentir vazia
e, contudo, não é azul…
Ela cerca-me como uma noite,
e envolve-me eternamente no nada
e, contudo, não é negra…
Ela cresce dentro de mim como uma árvore,
Expandindo o seu tronco nu e os seus frondosos ramos
E, contudo não é verde…

Contigo, eu perco-me;
Sem ti, encontro-me,,
Apenas desejando estar perdida outra vez.

Gritos Vermelhos















O coração sente, os lábios escrevem
Canções doces, suavemente molhadas,
Palavras privadas, desejos tecem
Danças ardentes, cerejas rosadas.

Lábios, olhos, alma, obra de arte
Escultura que as cores não expressam
Soltam-se os beijos, anseiam tocar-te
Qual sinfonia que os olhares trocam

Étimos envolventes, gritos vermelhos.
Prazeres subtis gravados na seda
Murmúrios quentes, gritos vermelhos.

Rumores à chuva, gritos vermelhos.
Vagas trémulas de uma ideia leda
Sobressalto mudo, gritos vermelhos.