Thursday, June 15, 2006

Beijo no Asfalto

O velho carvalho permanecia agora imóvel, de uma tonalidade escura, penosa, sem vida, e seus ramos beijavam piedosamente o asfalto, que, embora não fosse detentor da culpa, tinha inundado tudo aquilo que fora outrora um verde prado. Talvez não fosse um beijo, talvez fosse um suspiro, um lamento, uma canção melancólica. Era como se a antiga árvore fosse um réu sentado num banco de um tribunal e, apesar de não ter cometido nenhum crime, estivesse aprisionado a uma longa sentença, ausente de qualquer advogado de defesa, ou talvez ele fosse meramente uma parte tão pequena da população que transparecia conínua e inexoravelmente a invisibilidade. Do outro lado estava Ele, sentado com a perna cruzada, completamente seguro de que o seu dedo de controlo e a sua mão de tecnologia e progresso eram o suficiente para vencer esta audiência. Estava acompanhado de uma vastidão de gente, filósofos, sábios, homens letrados (letrados coisíssima nenhuma..ou alguma..na mente deles)… Lá fora, no exterior, as máquinas continuavam a varrer a verdura que predominava a região. Sim, toda aquela planície verde ia-se perdendo num tapete cinzento que ostentava um padrão listado branco quase que eterno, e cujo campo óptico por mais apurado que fosse não conseguia ultrapassar.Não era um beijo doce, era antes triste e amargurado. Era o espelho do triunfo d’Ele na audiência. Ele, e todos os Eles daquele mundo, estavam ocupados com o que chamam “trazer aos vindouros novos reecursos para proporcionar vidas cómodas e de certa forma, fútei.”. Os homens esqueceram-se de procurar aquilo que teem de melhor. A resposta a uma pergunta que não precisa ser referida é esta: “sim, prque já a tinham!”… todo o ser humano despreza aquilo que a tem… quanto mais sonha em possuir, mais facilmente o destrói quando o captura.. O que adianta o Universo ser infinito se estamos presos por uma corrente? O homem destroi o mundo, quando na sua mente perscruta mudança…mas mudar..mudar mudar..…torna as coisas inconstantes, e é o que já existe que exala o sabor nossa essência.Se fosse juíz na terra, decerto nao conseguiria quebrar esta corrente..este bloco sólido que existe na mente dos homens.. Ao expurgar o manto verde da terra e camuflá-lo de futuro, o homem destrói também o seu futuro e também a natureza entra num ciclo de decadeêcia que num rodopio constante afecta o homem. E é assim que o verde escreve as palavras no cinzento..tão simples como o beijo eterno de um ramo de um carvalho no asfalto...

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